domingo, 29 de janeiro de 2012

Catedral de palavras


Eu não estou chorando. Eu apenas estou com meus olhos umedecidos. E por trás do meu sorriso exagerado, eu sou apenas silêncio constante. É como você estar presa em gotas de lágrimas diárias. Eu não entendo. E sei que na vida, existem coisas que se dilatam na medida em que rasgamos o véu do invisível. Certas coisas a gente tem que aceitar sem fazer cara feia. Mesmo sendo _eu, Mari_ uma catedral de palavras, é no silêncio que meus sentimentos gritam. Até mesmo uma meiguice que não se vê, se sente. E minhas palavras tornam-se fumaça no vento, não as alcanço, não as toco, faltam-me...

Marília Felix

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Em partes

Uma parte de mim
É silencio profundo,
Outra parte é grito,
Que esgota aos meus ouvidos.

Uma parte de mim
É mundo, às vezes, sem fundo.
Outra parte é nada,
Vazio na estrada.

Uma parte de mim
É só palavra.
Palavra que vaza.
Outra parte,
É poesia, pura alegria.

Uma parte de mim
É delírio, vertigem.
Outra parte,
É realidade.

Uma parte de mim
É linguagem, traduzir-se uma parte.
Em outra parte,
Não se sabe.

Uma parte de mim
Pesa. Quebra .
Outra parte, pondera.

Uma parte de mim
É você, é querer.
E, a outra,
Também!


Marília Felix

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Memoirs


Temos um pacto.
Daqueles que não se podem quebrar.
Entre nós, fala-se sobre tudo.
Não há segredos incômodos.
Tudo o que é importante o outro saber, o outro sabe.
É assim que acontece.
O que não faz sentido saber fica guardado.
São memórias.
Recordações que devem ser preservadas no íntimo de cada um.
Sem receios.
Tudo o que faz parte do passado, está lá atrás.
Sem ser apagado, mas arrumado nas devidas gavetas.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Cadeia de abraços

“Abraçar é dizer com as mãos o que a boca não consegue.
Porque nem sempre existe palavra para dizer tudo.”


É forma incondicional.
Forma de dois ou vários corações se encontrarem.
E tudo o que você sente se dissolve…

Não é preciso palavras.
Deixa-se que os olhos falem e guardam-se os lábios para os beijos.
E seu efeito terapêutico será inegável!

É uma simplicidade de apego,
Na timidez de um encontro,
Quiçá o melhor lugar do mundo.

O paraíso que sempre sonhamos em conhecer.

Cadeia de abraços!
De tantas coisas boas juntas.
Coisas grandes, ricas, fortes e mágicas.

É só abrir os braços e o coração!

Texto original no Retratos da Alma, 13 de outubro de 2011

Marília Felix

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Devaneios por um coração poliedro

Meu anjo de asas degradés.
Cobre-me com teu véu de luz.
Deixa a luz dos teus olhos atravessar os meus e faz deles tua moradia.

E assim me habita!

(Lídia Martins, a Pipa)


Minha pequena borboleta das asas diáfanas...
Pousa seu encanto nos meus dias,
Abre meu sorriso tão facilmente quanto o bater suave das tuas asas,
Leve, linda e solta pelo céu azul sem nuvens
E brinca no éter do espaço, entrepondo-se à luz do sol
Um ponto brilhante, um pedaço da eternidade
Congelado no espaço de um único lindo instante
Só meu, porque outros poderiam ver
Mas este ponto de vista é único e exclusivo de mim
Beijo e encanto é o seu pouso no meu rosto, na minha pele
E o simples existir de você é suficiente
Pra o mundo ser um lugar muito mais feliz.

Marília Felix (em partes)

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Infinito vezes dois!

Ela diz: _ O fato é que já não sou, se não tenho você!
Ele diz: _ Quero tanto que o nosso amor dure pra sempre, umas duas vezes...


 

Marília Felix

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Pensar é estar doente dos olhos


O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...

Creio no Mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...
O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe porque ama, nem o que é amar...

Amar é a eterna inocência,
E a única inocência é não pensar...

Alberto Caeiro, em "O Guardador de Rebanhos", 8-3-1914

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

E, se...


Se for pra abraçar,
Que esse abraço seja com você.

Se for pra sorrir,
Que meu sorriso seja teu.

Se for pra chorar,
Que seja com você, e seja de prazer.

Se for pra sonhar,
Que você esteja em meus sonhos.

Se for pra voar,
Que seja nas asas do nosso amor.

Se for para lutar,
Que seja para o nosso amor acontecer.

Se for para desistir...
Que seja apenas de resistir a você.

Porque todos os meus sentidos apontam na sua direção...
Porque o meu coração - agora seu - se cansará antes de bater do que de amar você!

Tudo simples.
Nada tão comum!

É AMOR!

E, se nada for...

Isso basta!

Marília Felix